Vale resiste a adotar medidas de reparação às vítimas do massacre de Brumadinho


NOTA PÚBLICA DOS SINDICATOS DOS TRABALHADORES DIRETOS E TERCEIRIZADOS DA VALE
Movimento Unificado dos Trabalhadores da Vale 

 

Vale resiste a adotar medidas de reparação às vítimas do massacre de Brumadinho

Os Sindicatos que compõem o Movimento Unificado dos Trabalhadores da VALE e representam os empregados diretos e terceirizados que foram vítimas deste verdadeiro massacre ocorrido na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, vêm a público denunciar a atitude protelatória da direção da empresa nas negociações em curso junto às entidades sindicais e ao Ministério Público do Trabalho, que buscam garantir a adoção de medidas para atender às necessidades dos trabalhadores sobreviventes, dos familiares dos trabalhadores mortos e da comunidade.

Desde a ocorrência do rompimento da barragem, o maior e mais nefasto acidente de trabalho de nossa história, o Presidente da VALE tem afirmado insistentemente à imprensa que "a intenção da empresa é acelerar ao máximo o processo de indenização e de atendimento às consequências do desastre".

No entanto, a "fala pública da VALE" não se traduz em ações efetivas e tem se mostrado somente uma estratégia na guerra da comunicação, com os objetivos de vender a imagem da VALE como uma empresa que tem responsabilidade social e de reduzir os danos advindos da queda de suas ações na bolsa de valores.  

Até o momento, a VALE tem se recusado a negociar, verdadeiramente, com os sindicatos que representam seus trabalhadores diretos e terceirizados e não tem dado resposta às reivindicações encaminhadas pelas entidades sindicais que cobram a adoção de medidas emergenciais de proteção e assistência às vítimas. Atitude de descaso e desrespeito que se acentua no trato com a comunidade atingida por este acidente criminoso.

Na Audiência realizada no último dia 15/02 perante a Justiça do Trabalho, em Ação movida pelo Ministério Público do Trabalho e as entidades sindicais, a VALE uma vez mais recusou-se a adotar as necessárias e urgentes medidas de proteção aos trabalhadores sobreviventes e familiares dos mortos, concordando somente em assinar um "Acordo Parcial", no qual a empresa se compromete a adotar providências que já foram determinadas pelo próprio Juiz, em liminar, ou que já se constituem em obrigação legal.

Além de se esquivar em adotar medidas efetivas de proteção e amparo às vítimas, a VALE ainda se permitiu apresentar ao juiz um pedido de redução de 68% do valor do bloqueio judicial, que o reduziria de R$1,6 bilhão para R$500 milhões, pleito rejeitado pelo magistrado, que manteve o dinheiro bloqueado.

E mais, a VALE insiste em sua proposta de conceder estabilidade no emprego por apenas 10 meses, ao passo que a própria lei garante estabilidade ao trabalhador vítima de acidente de trabalho por 12 meses. Além disso, a proposta apresentada pela empresa, de indenização dos danos materiais, é rebaixada e discriminatória, por utilizar como critério o pagamento parcial do salário dos trabalhadores mortos (2/3 do que receberiam até a idade de 75 anos). Esta proposta, além de não contemplar a integralidade do salário, resultará em absurdas diferenças de valores nas indenizações. Por exemplo, os familiares de um trabalhador falecido que tinha salário de R$2.000,00 (dois mil reais) deverá receber, segundo o critério da VALE, 10 (dez) vezes menos que a família de um trabalhador com salário de R$20.000,00 (vinte mil reais). Não podemos aceitar proposta tão rebaixada e fundada em repugnante tratamento discriminatório. Exigimos tratamento igualitário para todos os trabalhadores.

A lamentável e inadmissível resistência da VALE em atender às demandas emergenciais das famílias vitimadas e dos trabalhadores sobreviventes tem nutrido um sentimento de revolta que toma conta das vítimas do Massacre de Brumadinho e que foi traduzido pela contundente acusação dirigida aos representantes da empresa, em reunião ocorrida no último dia 06/02, com a presença do Ministério Público Estadual, quando uma senhora aos prantos afirmou, categoricamente: "PRA MATAR VOCÊS SÃO RÁPIDOS".

Os Sindicatos que representam os empregados diretos e terceirizados da VALE rejeitam a proposta da empresa e reafirmam a necessidade de uma negociação que reconheça a gravidade da situação e respeite a dor e o sofrimento das vítimas. O Movimento Unificado dos Trabalhadores Diretos e Terceirizados da VALE  irá discutir com os familiares e trabalhadores, juntamente com o Ministério Público do Trabalho, no próximo dia 21/02/2019 as reivindicações a serem apresentadas à VALE na Audiência que será realizada na sexta-feira (22/02/2019) na Justiça do Trabalho.

VALE: ESTÁ NA HORA DE CUMPRIR SUAS OBRIGAÇÕES!!!

Assinam esta Nota: METABASE BRUMADINHO, SITICOP/MG, FTIEMG, SINDADOS/MG, SINTECT/MG, SEERC/MG, RODOVIÁRIOS BRUMADINHO, SINTEPOPE/MG, FETICON/MG